17 de agosto de 2009

NO VALE DAS SOMBRAS (V)



O que será do amor se não existir a morte.
Dizem que os pobres herdaram a terra, será!
Os homens já herdaram a terra, a riqueza infiltrou-se como água e tomou conta dos aranhas céus, e agora embriagados de poder sentimos mais se
de, mas vontade de subir pro andar de cima temos, mais vontade de poder, de força, da insensata ousadia de acharar que somos melhor se olhar de cima, pobres homens, que não sabem que depois da morte não lhes restaram mais que vinte e quatro horas,dentro de um caixão e muitas vezes lacrados, ou lhes espera uma fornalha, que por vaidade acha que ao ser jogado do alto de uma montanha, povoara outra vez a terra, pois se um dia foi pó, não voltou ao pó, voltou às cinzas e ainda esta voando por ai empregnando-se de sol, das estrelas e dos astros. E pensamos ainda comprometidos com tamanha ousadia essa nossa parda e farta ignorância que nascemos das artes, que ao nascer suavizamos a vida da família, sem pensar que passaríamos oito, nove, dez anos pra aprender a andar, comer, fazer nossas necessidades primarias, tomar banho, sair dos braços pro chão, abrir a porta, falar, e ainda chamamos o nascer de arte, a arte do saber sem saber, não é suave, suave é o nascer das flores, que nem percebemos, mas nascem todos os dias nos caminhos das nossas vidas, suave é a brisa em dias sem calor ou frio, ate o cantar dos pássaros, que preguiçosos dormem nos galhos das arvores assombradados, enroscados nas memórias viva, volto outra vez pra dentro do coração observo os telhados ilhas de amor, ódio, poder e corrupção, ofensiva acendo um fósforo naquele velho caldeirão de pólvora: penso na traição das metáforas, os inocentes inúteis foram decapitados ontem ouvi, e vi uma cabeça rolar sobre a mira de um fuzil nas mãos quase inocentes daquele menino, última sessão de medo e horror debulhado de prazer, e será que voltará fantasma que encenou a volta ao primeiro ato, que será isso que chamam de espírito, e porque será que os mais elevados têm que fazer penitencia, tem que sofrer entre populações dizimadas pelas dores do nascimento, pela falta da alimentação, da moradia, das águas, dos remédios, do dinheiro, a vida escassa, vil metal necessário, e espíritos superiores não alcança o nirvana se não sofrer, chorar e ate morre de fome, que condição desumana pra crescer em nome da fé, ter que sofrer pra ser justo, tem que morrer pra ser marte, e escrever palavras de conforto pra quem nunca soube seus significados, assim é fácil morrer em paz, é fácil não exigir, não chorar, falava dos pés, das mãos, do leite, da carne e só ter ossos. Por isso que todo mundo tem seu quinhão, quando não rir na entrada, rir na saída, não pelas mesmas razões, pois ser feliz tem tudo haver com o que ainda temos nos bolsos e bancos, essa tal felicidade depende do que recebemos a cada fim de mês, e o que eu podemos fazer, com nossos olhos misericordiosos vamos ao supermercado e a dispensa ainda cheia a abarrotamos ainda mais, como é mesquinha a felicidade de tantos que se dizem generosos e humanos. Assim como no outono desnudam as arvores, e como sempre olhamos e deixamos uma feliz nudez, desde a nossa mais tenra infância aprendemos que elas voltaram a vesti-se, que somos como a natureza perfeita, por tanto temos a gloria do renascimento, somo como as estações do ano, a gloria tarda, mas não falta, pois seguem-nos ate que a morte, e como hipócritas que somos falamos da humildade da gloria, pois se não morremos da gloria explicita e da arrogância estampada nos gestos congelados, ainda nos resta o delicioso prazer de dizer amadurecemos lentamente, por isso merecemos a herança dos anjos, a promessa de DEUS, e tomaremos sem medo o lugar que desde o nascimento já nos pertencia, como somos pequenos e nem percebemos, pra poder pousar de gigantes e achar que somos assim imortais, ate embaixo de sete palmos de terra, como é irônica a verdade e crua suas manobras...

Céu

18/08/2009

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